quarta-feira, 31 de março de 2010

Viens, je t'emmène

Bora lá... regressar ao ritmo dos meus queridos anos 70. Bora lá ... até ao outro lado do espelho, até onde os sonhos se tornam realidade.

Toi qui as posé les yeux sur moi
Toi qui me parle pour que j'ai moins froid
Je te donnes tout ce que j'ai à moi
La clé d'un monde qui n'existe pas

Viens, je t'emmène
Où les étoiles retrouvent la lune en secret
Viens, je t'emmène
Où le soleil le soir va se reposer
J'ai tell'ment fermé les yeux
J'ai tell'ment rêvé
Que j'y suis arrivée

Viens, je t'emmène
Où les rivières vont boire et vont se cacher
Viens, je t'emmène
Où les nuages tristes vont s'amuser
J'ai tell'ment fermé les yeux
J'ai tell'ment rêvé
Que j'y suis arrivée
Plus loin, plus loin, plus loin que la baie de Yen Thaî
Plus loin, plus loin, plus loin que la mer de corail

Viens, je t'emmène
Derrière le miroir de l'autre côté
Viens, je t'emmène
Au pays du vent au pays des fées
J'ai tell'ment fermé les yeux
J'ai tell'ment rêvé
Que j'y suis arrivée

Viens, je t'emmène
Viens, je t'emmène

J'ai tellement fermé les yeux
J'ai tellemnt rêvé
Que j'y suis arrivé
Plus loin, plus loin, plus loin que la baie de Yen Thaî
Plus loin, plus loin, plus loin que la mer de corail

Viens, je t'emmène
Où l'illusion devient réalité
Viens, je t'emmène
Derrière le miroir de l'autre côté...

(música e letra de Michel Berger-1978)

terça-feira, 30 de março de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

Flower power

Hoje, o campo está assim...



E quando o campo está assim, só posso estar também...





sábado, 27 de março de 2010

A vida secreta dos objectos - O copinho de aguardente




Sou um de seis irmãos gémeos. Vivo com todos eles, arrumadinho de boca para baixo, sobre uma pequena travessa de vidro guardada no louceiro da sala.
Não é para me gabar mas acho-me muito jeitoso. Não sou como aqueles copinhos de aguardente de taberna, de vidro grosso e sem qualquer adereço que os distinga. Eu não. Sou feito de vidro fino e tenho umas riscas horizontais douradas que denotam logo o meu requinte. Claro que os meus irmãos são iguaizinhos a mim, mas isso não me incomoda nada. Quando nos juntamos todos à mesa no final das refeições de festa, muito aprumadinhos e perto das chávenas de café, é uma alegria. Enchem-nos de medronho até ao cimo e vai de roupa…somos despejados de um gole só, que pouco mais que isso conseguimos levar. Obviamente que muitas vezes nos voltam a encher e neste vai acima e vai abaixo, no meio dos vapores alcoólicos do medronho, divertimo-nos tanto que ficamos tontos como se estivéssemos numa montanha russa de parque de diversões.
Depois, já lavadinhos e secos, voltamos para o louceiro e eu, no aconchego dos vidros das prateleiras fico a pensar que a vida é maravilhosa e que sim…sou um copinho de aguardente feliz.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Les Amants du Tage


Já cá trouxe velhas capas de discos da minha prima D., lembrando as matinés de Domingo à tarde que ela e a irmã organizavam no pátio da sua casa. Hoje surripiei-lhe a Amália e o seu Barco Negro editado em França nos tempos da emigração da nossa família.
Que pena já não ter por cá um gira-discos!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Remar contra a maré ou a missão Impossível


Desenganem-se. Eu não percebo nada de fotografia. Mas não resisto a uma notícia desta natureza: saber que uma dúzia de antigos trabalhadores de uma fábrica falida da Polaroid, na Holanda, resolveram lançar-se num projecto impossível de voltar a comercializar a famosa película instantânea e materiais afins.


É assim. Gosto de revivalismo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

Lembra-te de esquecer...

Afinal não sou só eu que me esqueço das histórias dos livros que leio. Nesta crónica ainda dou pela conveniência que isso representa, já que podemos redescobrir sempre maravilhosos trechos de literatura. Encantam-nos uma primeira vez e voltam a encantar-nos uma segunda ou mais vezes.

Em certas ocasiões, falando entre amigos sobre livros que já lemos, sei dizer que gostei muito deste ou daquele romance, mas com frequência tenho alguma dificuldade em contar a história. Quando isso acontece, é certo que não tardo a voltar a essa leitura. Posso redescobrir o mesmo prazer da vez primeira, ou não. Já me tem sucedido perder o interesse no enredo e questionar-me como foi possível eu ter gostado daquele livro.

Tal como Richard O'Mara, fico menos apreensiva com as falhas de memória, já que no que à literatura diz respeito posso sempre "desfrutar do constante prazer da descoberta". Por outro lado, também sei de quem repete infindavelmente as suas leituras preferidas, tal como crianças que querem sempre ouvir contar a mesma história ou que vêem incansavelmente o mesmo vídeo. Marcou-me, e acho até que me fez inveja, ouvir uma vez um professor meu dizer que relia todos os anos a sua obra preferida.

Postal de Primavera


Está datado de 1975 e assinado pela minha prima E.
Trago-o para aqui porque sei que dele se soltaram hoje sedosas borboletas que festejaram a chegada da Primavera.

sábado, 20 de março de 2010

A vida secreta dos objectos - A boneca de prata

Hoje estou que nem posso, de contente.


Sempre gostei de ver aquelas rubricas das revistas femininas em que se mostra a fotografia das senhoras antes e a fotografia das senhoras depois. Antes da intervenção da estilista, da maquilhadora, do cabeleireiro. E depois. Depois, quando já surgem lindas de morrer, produzidas que nem estrelas de cinema. Passes de mágica que fazem de qualquer burgesso uma verdadeira princesa.


Pois bem, hoje aconteceu-me!
É mesmo. Eu em quem já ninguém reparava, eu que estava toda oxidada de negro, baça, apagada, encostada a outros tantos como eu…


Ela passou por ali, agarrou-me e foi um verdadeiro tratamento spa! Que maravilha… eu toda embebida de “Silver Polish”. Eu a ser massajada como há muito não acontecia… Depois fiquei uns minutos em relaxe… Hum, que delícia!. Finalmente, com aquele pano sedutoramente macio, ela puxou-me o brilho energicamente e …Tcharan!!!! Aqui estou eu deslumbrantemente renovada! E sim, tive também direito à sessão fotográfica do antes e do depois.






quinta-feira, 18 de março de 2010

Pau de pita


Não sei dizer porquê, mas o meu olhar demora-se sempre um pouco nestas piteiras que crescem à beira dos caminhos, por vezes encavalitadas em valados. Este seu rebento, a que chamam pau de pita, eleva-se elegantemente para o céu e faz-me, também a mim, erguer a cabeça. Mimeticamente sinto-me, do mesmo modo, elegante.

Patetices em honra dos pés

Era uma vez uma bolha.
Era uma bolha do pé.
Era um pé dentro de um sapato.
Era um sapato fechado e apertado.

Era uma vez um calo.
Era um calo do pé.
Era um pé dentro de um sapato.
Era um sapato fechado e apertado.

Um dia o calo reparou na bolha.
E a bolha reparou no calo.
A bolha tinha uma bela cor rosada que atraiu os olhares do calo.
O calo era um duro.
E a bolha não resistia a esse tipo de calo.

Então o calo convidou a bolha para um passeio.
Os dois passearam e se apaixonaram.
Decidiram casar e casaram.
Foram muito felizes e tiveram muitos filhos... no pé dentro do sapato fechado e apertado.

Quem seria o dono do pé?


[Porque há muito tempo que não tinha os meus tão moídos...Ai que dia!]

terça-feira, 16 de março de 2010

Postal musical


Recebi-o há cerca de 40 anos.
É o testemunho de uma troca de correspondência entre uma menina e uma senhora agente de polícia. A senhora agente prestava diariamente serviço numa passadeira, ajudando as crianças que se dirigiam para a escola a atravessá-la. Nasceu assim uma amizade que durou muitos anos.
Neste postal musical - aperta-se e o passarinho canta - a senhora agente de polícia formula votos de melhoras à "Petite Louisa" que se encontra em casa com uma angina. Diz-lhe que deve ficar forte e pronta para o próximo ditado.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Canteiros de Março




Observo-as pela manhã quando, já no carro, espero pelo meu filho pronta para mais uma jornada.
Inebrio-me com o seu cheiro quando passo apressada pelo quintal.
Encanto-me com as suas cores que me anunciam a nova estação que se avizinha.


domingo, 14 de março de 2010

Petites filles de France


Meninas de França (Petites Filles de France) é o tema deste postal que recuperei da minha velha correspondência atada com laços de fita. Deveria ter uns cinco ou seis anos quando me foi endereçado com a epígrafe "Querida Luizinha". Assinado pela Maria Luísa, desejava as melhoras da minha mãe e ansiava pelo mês de Agosto, quando ela e o Manuel viriam finalmente passar as "vacanças" a Portugal.

sábado, 13 de março de 2010

Canta a vida...

Musiquinha ligeira dos meus tempos de adolescente... para continuar a cantar a vida.


quinta-feira, 11 de março de 2010

A vida secreta dos objectos - O moinho de café



Já tenho saudades de mastigar uns bons grãos de café. Como eu gostava de voltar a trincá-los e senti-los a desfazer-se progressivamente em pó. Pó que haveria de encher a pequena gaveta que se encontra a meus pés. E o aroma…ai o aroma que eu conseguia deixar no ar quando ela rodava cadenciadamente o meu manípulo! Há quanto tempo já não sirvo para isso? Já nem me lembro.


Primeiro veio aquele moinho eléctrico. Moulinex de seu nome. Cilíndrico, de uma vistosa cor laranja. Ela carregava num botãozinho branco e Trrrrrrrrrr….que berraria! Era um barulhento mas em segundos triturava o café com que ela o enchia.


Fui ficando para trás, esquecido, a enferrujar as minhas partes metálicas.
Há uns dez anos atrás, antes dela partir, chegou a dar-me um novo uso. Punha-me a moer sementes de martuços que depois misturava com mel… Um fortificante, dizia ela…e também para as constipações e ainda para abrir o apetite.
Moer martuços sempre me animava mas não era a mesma coisa.


Depois, ela partiu e foi a filha que me acolheu. Gosta de velharias e tem algumas a enfeitar-lhe a casa. Pronto…mesmo enferrujado, ela acha-me jeitoso e ostenta-me na sua cozinha. Sempre é alguma consolação para esta minha vida de reformado. Mas…ai que saudades do café!




[Como? O que são martuços?
Ah …então, os senhores da ciência chamam-lhe Myrtus communis L., mas o povo diz que são martuços, martunhos ou murta.]


quarta-feira, 10 de março de 2010

O menino que aprendeu a dar pontapés

Estacionei o carro no parqueamento subterrâneo e dirigi-me para o acesso ao hipermercado. Comecei a ouvir umas vozes alteradas. No meu campo de visão apenas um casal com uma criança que devia ter uns quatro ou cinco anos. Chegando mais perto percebi que não havia altercação nenhuma. Era mesmo a voz do pai a falar para o filho. Na verdade percebi que encetava uma brincadeira qualquer. Passando por eles captei a “instrução” do pai:

- Vá…dá um pontapé nisto!

E exemplificando pontapeou um daqueles pilaretes de plástico que fazem a demarcação dos lugares de estacionamento com os corredores de passagem dos peões.


O pequeno seguiu-lhe o exemplo e pontapeou o pilarete. Prosseguiram o seu caminho com o pai sempre a falar aos gritos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Maria das Neves

Em Dia Internacional da Mulher, vou citar Ataíde de Oliveira que na sua Monografia do Concelho de Loulé (1905), no capítulo dedicado à minha terra – Boliqueime – fala de uma mulher de força.

"De pessoas que se tornassem notaveis pela sua força herculea há menção de Manoel Fernandes Bexiga, de que mais adiante fallaremos, e de uma Maria das Neves, mulher tão forte, que nenhum homem se atrevia a lutar com ella. Quando o marido lhe fazia alguma partida, contentava-se em atira-lo para cima do telhado da moradia e ali tinha de permanecer emquanto ella quizesse."

domingo, 7 de março de 2010

Musgo

Fui à página do tempo... ver o que dá para amanhã. A chuva continua.
Já tenho o poial com verdete e está-me a começar a crescer musgo na alma.

Anúncios em vias de extinção (3)

Para juntar à colecção, aqui fica o anúncio que eu tinha vivo na memória e que acabei por reencontrar...

sábado, 6 de março de 2010

Oração

Faço silêncio em mim e ouço-Te.

Ouço-Te no som das gotas de água que batem nos vidros das janelas.
Ouço-Te no gemido da água esmagada pelas rodas dos carros no asfalto.
Ouço-Te no frémito das folhas das árvores quando o vento as acaricia.
Ouço-Te no rumor das vozes dos passantes.
Ouço-Te no riso cristalino das crianças.
Ouço-Te no seco roçar da página do livro nos meus dedos.
Ouço-Te no ribombar cadenciado da onda que rebenta na praia.
Ouço-te no ténue zumbido dos meus ouvidos quando à volta de mim tudo é silêncio.

Faço silêncio em mim e agradeço-Te a vida.


Publicada, em silêncio, para Fábrica de Letras

quinta-feira, 4 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

O maior livro do mundo


Foto da British Library publicada no Guardian

Numa época em que se pode guardar (e ler) centenas de livros em pequenos engenhos electrónicos é curioso descobrir aquele que é o maior livro do mundo e que, pelos vistos, vai ser dado a conhecer ao público pela British Library, entre Abril e Setembro próximos no âmbito da exposição Magnificent maps: Power, Propaganda and Art. É um atlas com 350 anos, tem 1,78 m de altura e são precisas seis pessoas para o carregar.

terça-feira, 2 de março de 2010

Livros que não posso ler em público

Tenho as minhas estantes um pouco sobrelotadas e meio desarrumadas. Ao arrumar uns livros (e desarrumando outros) parei em dois que sei que não posso ler em público porque acabo sempre por perder a compostura.
Porque me faz rir a bandeiras despregadas.*
Porque me faz chorar que nem uma Madalena.
*Do primeiro, não resisto a transcrever:
"Mar da Bica", como se sabe, era a alcunha de um homem que vendia peixe, com tolda na praça. Uma manhã acercou-se dele uma mulher muito maçadora que lhe perguntou:
_ Senhor, a como estão as cavalas?
_Atão nam vê como tá? Tá umaze em cima daze otraze...

Tanto mimo... ai se me habituo!

Costumo usar anéis. Gosto de fios. E brincos também. Sim, é sempre bom colocar uns enfeites que nos animam rosto e espírito.
Hoje, porque mo ofereceram, como um mimo, coloco aqui um enfeite de blog. Obrigada Helga.