sábado, 28 de agosto de 2010

A vida secreta dos objectos - A esponja de banho


Querem um conselho? Não criem expectativas demasiado altas nas vossas vidas. Não pensem que irão acertar com todas as escolhas que fazem. Não se convençam de que tudo vai ser um mar de rosas.
Olhem para mim… Sempre achei que havia de encantar os banhos de uma criança alegre, que lhe havia de esfregar as costas docemente, que ela me apertaria entre os seus finos dedos para me fazer espirrar o excesso de água e espuma entranhadas em mim. E afinal o que é hoje a minha vida? Estou para aqui encostada num beiral de banheira, apenas recebendo os salpicos do chuveiro quando ela toma banho. Não fui sequer parar à casa de banho das crianças. Foi numa emergência que cheguei à banheira dos adultos. Ainda estive durante uns tempos guardada na gaveta, mas no dia em que a esponja dela se finou, não havia mais nenhuma cá em casa e lá tive de mergulhar no gel duche da mãe dos miúdos. Não que seja um gel duche menos agradável que outro qualquer. Por sinal até cheira muito bem… Só que em meu redor havia uma rede daquelas que facilita a formação de espuma e com a qual ela se esfregava. Não sei dizer como foi isto mas em dado momento descosi-me dessa rede… e pronto ela jogou-me para este canto e não me ligou nunca mais. E não me digam que o destino já está escrito!!! Ah não! Porque se o meu destino estava escrito, só podia lá dizer que era o destino de uma esponja de crianças. E vejam… nunca me foi dado brincar com elas. Agora apenas sou um pedaço de esponja de banho resignada à minha sorte, esperando ansiosamente as gotas de água que ressaltam do chuveiro para cima de mim.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Doce e fresco

Ontem foi dia de festa de Verão cá em casa. Juntaram-se à mesa, ou melhor às mesas, para cima de vinte primos e tios. Em Agosto é costume organizarem-se estes convívios familiares e acabo sempre por sacar o pudim de natas de dentro do livro de receitas. É que este pudim significa sucesso garantido. Por isso, pelo menos uma vez por ano, cá se faz. Bem sei que este não é um blog de culinária, mas deixo aqui a receita porque ... sempre podem querer experimentar.




10 ovos, 1 lata de leite condensado, 1 pacote de natas, 7 folhas de gelatina incolor, 10 colheres de sopa de açúcar, caramelo q.b.

Batem-se as claras em castelo firme a que se junta a gelatina já derretida. Reserva-se. Batem-se, em seguida, as natas com 2 colheres de sopa mal cheias de açúcar. Às natas batidas junta-se o leite condensado. Adiciona-se este preparado às claras já misturadas com a gelatina.

Entretanto fez-se um doce de ovos com as gemas, 8 colheres de açúcar e cinco de água.

Forra-se o fundo da forma com caramelo e o doce de ovos bem espesso. Por fim deita-se-lhe o preparado de claras, natas e leite condensado. Vai ao congelador.

Convém ser preparado na véspera.

Para desenformar, mergulha-se a forma por uns instantes em água quente.

Amigos

Ora cá estão algumas perguntas e contas interessantes para se fazer.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Here's to you Nicola and Bart...

Andei cirandando no espaço da ariel e vi o post com o qual lembra Sacco e Vanzetti.

Associo-me ao seu manifesto e deixo aqui a Joan Baez, com o tema que tanto ouvi e "cantei" nos idos anos 70...

sábado, 21 de agosto de 2010

Noite de Verão

A noite está quente. Está como naquelas noites, de há muitos anos atrás quando eu era criança e não havia ar condicionado. Então acampava-se na varanda, que era como chamávamos à açoteia da casa. Montava-se a tenda com uns barrotes de madeira sobre os quais se esticavam uns lençóis velhos. Instalavam-se uns colchões no chão e dormia-se ao luar.

A noite está quente como outrora mas está mais clara que então. À luz da lua que brilha no alto juntaram-se as luzes do progresso que cintilam no horizonte.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Que estilo será este?

Não sou muito entendida em tendências de moda, nem de estilos… Se calhar é por isso que não percebi mesmo nada da indumentária de uma jovem que vi às compras numa loja de acessórios.
-Calção azul-escuro clássico;
-Blusa bege, de bordado, com manguinha balão e fitinhas sobrando do colarinho para dar laçarote;
-Sapatilhas de lona;
- Mala (saco), em tons castanho, com insígnias Louis Vuitton;
- Óculos quadrados de massa, cor preta;
- Brutal tatuagem sobre o braço esquerdo;
- Piercings em formato argola pendurados no nariz.

Isto combina?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Cores

Naquela tarde a conversa azedou. Aliás, nos últimos tempos era sempre assim. Instalava-se a discussão, crescia o desentendimento. Achou que já era demais. Não se dispunha a continuar assim. Decidiu que partiria naquele instante e que afogaria as suas mágoas nas cores do mundo. Assim fez. Mergulhou no azul-turquesa dos mares das Caraíbas, passeou pelas suas cálidas e pálidas areias. Refrescou o olhar no verde forte de uma pradaria americana. Maravilhou-se com as cores de fogo no Outono de uma floresta do Canadá. Vibrou com os vivos tons das plantações de tulipas holandesas. Admirou o cinzento monumental de Paris. Serpenteou pelos castanhos terra dos campos europeus e alegrou-se com o ouro de uma seara alentejana em tempo de ceifa. Chegou-lhe por fim o cansaço. Não havia mais espaço em branco por preencher e sentiu que estava na hora de terminar a sua longa viagem. Guardou um a um os seus lápis de cera e colocou o bloco de folhas de desenho na gaveta. Deitou-se e dormiu.
Publicado para Fábrica de Letras

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Há o Pulo do Lobo e o Pulo do Lobo


A internet tem destas coisas. Leva-nos a cada sítio, no espaço e no tempo que quando damos por nós estamos onde? Estamos no “Pulo do Lobo”. Não, não é nesse Pulo do Lobo em que estão a pensar. É no “Saut du Loup”, em França (Alpes Maritimes). E como é que lá chegámos? Pois… começando por uma visita à Europeana que tem em destaque uma proposta de “viagem” através de postais ilustrados das bibliotecas e museus europeus que a integram. Pelo caminho passei por Cannes, encontrei curiosidades como um postal de Max Jacob enviado a Picasso e ainda uma adorável menina que vive em Paris, no Museu Internacional do Sapato.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pragas

Como “algarvia marafada” que sou, tenho dias em que só me apetece rogar pragas. Por exemplo, apetece-me rogar pragas àquelas pessoas que têm a mania de deixar lixo no carrinho de compras do supermercado. E não pensem que são assim tão poucas. Raras são as vezes em que não encontro nos ditos carrinhos os papéis das promoções do dia, uma embalagem rasgada que se soltou e até copos de plástico usados.

Para cada uma dessas pessoas, aqui me desforro com algumas pragas algarvias (sejam de Alvor, de Monte Gordo ou da Fuzeta):


“Permita Deus que tenha uma febre tão grande, tão grande, que até lhe derreta a fivela do cinto.”


“Permita Deus que fiques tão magro, tão magro que possas passar pelo fundo de uma agulha de braços abertos.”


“Permita Deus que tenhas uma dor tão grande que fiques enrolado que nem um carro de linhas.”

“Não sabia dar-lhe uma dor tão grande que nunca mais parasse, que quanto mais corresse mais lhe doesse e se parasse rebentasse.”

“Não sabia nascer-lhe um par de cornos tão grandes, tão grandes, que dois cucos a cantarem, cada um em sua ponta, não se ouvissem um ao outro.”

“Havia era de apanhar tanto sol que até se derretesse e fosse preciso apanhá-la às colheres como a banha...”


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Saramago(mania)

Foi o Carlos Barbosa de Oliveira que me conduziu ao desafio do Rogério no sentido de manter viva a memória de Saramago. Também já passei pelo Saramago escolhido pela ariel. Estou já a sentir a atracção do turbilhão de Saramagos, por isso aqui vai ficar o meu. Dedico-o com particular afecto àquelas pessoas (e entre elas amigos meus) que costumam dizer que não conseguem ler Saramago porque escreve sem vírgulas. É o que dá a mania de opinar sobre o que não se conhece.

" De certeza que a mulher ajoelhada se chama Maria, pois de antemão sabíamos que todas quantas aqui vieram juntar-se usam esse nome, apenas uma delas, por ser ademais Madalena, se distingue onomasticamente das outras, ora, qualquer observador, se conhecedor bastante dos factos elementares da vida, jurará, à primeira vista, que a mencionada Madalena é esta precisamente, porquanto só uma pessoa como ela, de dissoluto passado, teria ousado apresentar-se, na hora trágica, com um decote tão aberto, e um corpete de tal maneira justo que lhe faz subir a redondez dos seios, razão por que, inevitavelmente, está atraindo e retendo a mirada sôfrega dos homens que passam, com grave dano das almas, assim arrastadas à perdição pelo infame corpo."

José Saramago - O Evangelho segundo Jesus Cristo

sábado, 7 de agosto de 2010

Que livros!!!



A Mary e a Holly são duas bibliotecárias norte-americanas (Michigan) que resolveram criar o blog "Awful Library Books"onde publicam capas de livros de cuja existência em bibliotecas públicas chegamos a duvidar. São exemplares com temas inimagináveis, alguns escabrosos mesmo, desactualizados, divertidos... Apesar de catalogados neste blog como "horríveis", muitos deles são sobretudo curiosidades e alguns são até bem giros.


Gostei.

Love is in the air...


Isto é que são amigos de nota ($$$$$) positiva, hein??? Digam lá se a (ou o) Jess não está mesmo de parabéns?...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Em Quarteira

Mas porque é que tantas pessoas, normalmente não algarvias, teimam em dizer que vão para a Quarteira, que estão na Quarteira…. Grrrrrr . Mais uma vez oiço a locutora da estação de rádio a promover qualquer acontecimento na Quarteira e dá-me aquela comichão na ponta dos nervos!!!


Oiçam, pessoas… Quarteira é o nome de uma localidade e não tem origem em nenhum nome comum, por isso tal como Lisboa, Leiria, Évora, Beja, Odemira, Guimarães, Bragança…. Quarteira não se faz preceder de artigo. Vamos então lá todos para Quarteira, ok?

Imagens de outros tempos

Já se sabe... tenho um fraquinho por imagens de outros tempos. É por isso que sigo, deliciada, o passatempo fotográfico Algarve Vintage, que o Turismo do Algarve está a promover até ao final deste mês de Agosto e para o qual tenho um link aí na coluna da direita. Já por lá mora uma centena de fotografias e diariamente aguardo com expectativa o que mais vai surgindo. São fotografias de álbuns pessoais que mostram vivências anteriores a 1970, no Algarve. Vale pena ir lá descobrir algumas histórias. Para quem quiser participar é só ver como no regulamento. Entretanto foi dada notícia de quem vai apreciar e escolher as melhores imagens.


Foto se Sílvia Martins


Foto de João Vieira Branco


Foto de José Belchior


Foto de Sílvia Martins

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Táxis

É impressão minha ou a triste tendência do táxi bege está a desaparecer? É que nos últimos tempos cruzo-me cada vez mais com os "verdadeiros" táxis portugueses... aqueles pintados de preto e com capota verde. Por que razão se terão lembrado há anos de mudar a cor dos táxis? Gosto muito mais deles com a sua pintura tradicional, que os distingue de quaisquer outros por esse mundo fora.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Éducation sentimentale

Será do tempo de Verão? Será de ter uma filha acampada no Sudoeste? Será de imaginar o ambiente boémio das tendas? Por lá a música é outra. Eu sei. Mas à minha memória vêm os sons que, há para cima de 35 anos, me acompanhavam quando partia em colónia de férias. Esta fazia parte de um repertório incontornável para passeios ou serões de festa.