quinta-feira, 30 de junho de 2011

Raposa

Deu-me para reler o “Constantino guardador de vacas e de sonhos” de Alves Redol. Estou a lê-lo na minha velhinha edição de bolso da Europa-América, de 1975. Tem o papel das páginas amarelado e áspero e tem o encanto bucólico de uma história simples do povo e do campo. Já me tinha esquecido da maior parte daquilo que tinha lido nestas páginas. Na leitura, surpreendem-me muitas palavras e expressões em desuso. Um dos capítulos intitula-se “Não ir à caça e apanhar uma raposa…” e conta a história do chumbo que o Constantino levou no exame da quarta classe.


Há tanto tempo que eu não ouvia esta palavra para significar a reprovação num exame. Trazer uma raposa para casa. Apanhar uma raposa. Acho delicioso.


Vi no dicionário Houaiss que também existe o verbo raposar ou raposear, que significa reprovar alguém num exame. Isto desconhecia mesmo.


Se alguém souber qual a origem desta expressão, faça o carinho de me explicar…


quarta-feira, 29 de junho de 2011

O filme mudo está de volta

A nostalgia do cinema mudo em dois filmes dos nossos dias, totalmente em contracorrente dos 3D e afins. Li aqui e fiquei com vontade de ver.




Oca

Tenho a cabeça oca. Não sei se é do cansaço ou simplesmente do calor. Acho que é do calor. Fez evaporarem-se todas as ideias que por aqui andavam acomodadas. No vazio do pensamento… vá lá perceber-se porquê… ecoa-me uma cantilena, do tipo trava-línguas, que a minha mãe costumava dizer quando começava a desfiar o rol de lenga-lengas em que era perita.



Copo copo


Giricopo


Copo Copo


Gargalhope


Quem não disser nove vezes


Copo Copo


Giricopo


Copo Copo


Gargalhope


Deste vinho


Não bebe um copo.



Agora… vá… digam isso depressa…

domingo, 26 de junho de 2011

Passeio de Domingo (55)




Antes que o domingo se acabe, ainda aqui deixo as cores do campo que vai secando ao sol e onde, por entre os espinhos, já só florescem os tomilhos.








sábado, 25 de junho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Desenho

Quando eu era miúda costumava ver um programa de televisão sobre desenho. A malvada da memória está tão fraca que não consigo recordar-me nem do nome do programa e nem se era na televisão nacional se era na da imigração. O certo é que adorava ver aqueles breves minutos em que ora um, ora outro desenhador se chegava a um quadro de papel com um marcador preto e, como por magia, fazia nascer personagens naquela tela branca. Traço após traço, com linha reta ou curva, iam-se formando bonecos, casas, animais, gente. Traço após traço, sem qualquer deslize daquelas mãos quase sobrenaturais, nascia aos meus olhos uma história. Ficava encantada e cheia de inveja daquele poder que os desenhadores tinham de dar vida a uma folha branca. Daqueles dedos fabulosos nunca saía um traço fora do lugar. Não havia engano. Tudo era perfeito. E tudo aquilo parecia tão fácil.

Ainda hoje invejo quem sabe desenhar e quem com um simples desenho conta uma história. Hoje, por exemplo, é noite de S. João e bem posso colar aqui a minha fraca tentativa de a ilustrar com um manjerico… que, na verdade, não passarei de uma invejosa.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Bernardete

Foi pelos Santos Populares. Não sei se foi pelo Santo António, São João ou São Pedro, mas foi em junho numa noite de festa. Foi numa noite de mastros. Havia mastros - assim se chamava a festa dos Santos Populares - em casa de uma moça da terra. No pátio tinha sido armado o mastro de onde partiam todos os enfeites da festa. O gira-discos soltava os sons das músicas da moda. Havia bebidas frescas. Dançava-se. Eu estava por cá havia menos de um ano. Ainda não conhecia bem toda aquela gente. Não conhecia a Bernardete. Só de vista, mesmo. Ela era mais nova. Tinha uns dois ou três anos a menos do que eu. Via-a na escola. Era vizinha da moça que organizava a festa. Esteve lá pouco tempo. Mas estava bem disposta. Não que eu tivesse reparado nisso. Mal a conhecia. Mas contaram-no depois. A Bernardete teria à volta de 14 anos. Nessa noite regressou cedo a casa…logo ali ao lado. A notícia chegou no dia seguinte. Nessa noite, a Bernardete tomou veneno. Morreu.


Eu mal conhecia a Bernardete mas ainda hoje a vejo. Nem feia, nem bonita. Morena e franzina aparece-me pela frente… assim, sem mais, numa qualquer noite de junho.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Verão

A noite está quente. O vento dorme. Ouve-se o chamamento amoroso dos grilos. Ali, no caminho, cheira a funcho. Não há engano possível. Amanhã chega o verão.

sábado, 18 de junho de 2011

Quarteira turística



O que fazia, esta tarde, uma camioneta de outros tempos estacionada na avenida marginal em Quarteira?

Pois, fazia-nos olhar para a inauguração de uma exposição documental que, até 17 de julho, se pode visitar na galeria da Praça do Mar e que nos mostra a evolução do turismo nesta localidade.

Trata-se de uma iniciativa da Câmara Municipal de Loulé que se enquadra nas comemorações dos 100 anos da institucionalização do turismo em Portugal.

É junto ao mar... mas não é só sol e praia.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Estudos

Pelos vistos está na moda estudar os bonecos de Banda Desenhada. Desta vez é notícia o Astérix. Acho que este estudo ainda me deixa mais atónita do que aquele dos Estrunfes.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Posto 5



É do calor

É do azul

É do colmo

É da duna

É da bóia

É do mar


Às vezes, é do posto 5, o meu lugar.

O bom velho livro de papel

Afinal, mesmo na era do e-book, o bom velho livro em papel ainda é o que era. Pelo menos do ponto de vista da segurança na sua conservação. Pois se até a organização Internet Archive , que se constitui como uma biblioteca digital universal de acesso livre, anunciou que vai armazenar uma cópia em papel de todos os livros digitais...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Borbulhas

Tenho por norma nunca espremer borbulhas. Mas se fossem destas, não resistia.


Já o mencionei por aqui, mas repito. Acho imensa graça a estes objetos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Confesso

Confesso. Matei-a. Entrei no quarto ontem à noite, acendi a luz e vi-a de imediato. Encontrava-se a meia altura, na parede onde está colocado o espelho, por cima da pequena consola de mármore. Primeiro estremeci. Depois senti crescer dentro de mim aquela raiva. Começou junto ao estômago e apoderou-se do meu braço direito levando automaticamente a minha mão até ao pé para descalçar o chinelo. De havaiana em punho, aproximei-me e, com a respiração suspensa, arremessei-lhe com uma valente sapatada. Caiu no chão, retorcida e inerte. Até as suas mil patas se desvaneceram e ali, junto aos pés da consola de mármore apenas sobrou uma pequena tripa cor de mel.
Confesso. Matei a centopeia. E matarei quantas se me atravessarem no caminho. É mais forte do que eu. Por muito simpáticas que possam ser as suas representações em histórias de BD ou em livros infantis, a centopeia será sempre, para mim, um alvo a abater. E a culpa é da outra. A culpa é daquela centopeia enorme que ousou passear-se sobre mim quando eu tinha os meus oito ou nove anos. Naquelas férias de verão eu dormia num pequeno quarto ao fundo da casa. A cama tinha uma colcha de chita azul celeste, com umas grandes rosas cor-de-rosa. Deitada, vestindo a minha camisa de noite de voile azul-bebé com pintinhas brancas eu estava inquieta. Queixava-me à minha mãe. Que sentia alguma coisa, dizia-lhe de minuto a minuto. Alguma coisa caminhava sobre mim. Cansada de me ouvir lá foi acender um candeeiro a petróleo e entrou no meu quarto segurando aquela luz ténue e tremente. Foi nesse preciso momento que a vi, passando apressada do meu pescoço para o peito. Saltei da cama gritando e atirando a camisa de dormir para o ar. Naquela noite o pé do meu pai, que entretanto se juntara a nós, matou a centopeia e os seus dez centímetros de comprimento.


Confesso. Matei a centopeia que estava ontem na parede do meu quarto. E matarei quantas se me atravessarem no caminho.


domingo, 12 de junho de 2011

Passeio de Domingo (53)






Um passeio bom para um domingo ou para qualquer outro dia da semana, agora que se vai aproximando o cheirinho das férias. Este foi um passeio aos Salgados, pondo um pé na praia e outro na lagoa com o mesmo nome. Paisagem a meias entre o concelho de Albufeira e o de Silves.








sábado, 11 de junho de 2011

Psicanálise dos contos de fadas



Por vezes passo pelo blogger de fugida para publicar os comentários que me vão deixando e, na correria em que vou, acabo por nem sempre lhes responder. Além disso, já aqui o tenho manifestado, a minha memória parece funcionar com intermitências.


Isto tudo a propósito do comentário que a Gi deixou no post que remetia para um estudo sobre os Estrunfes, recentemente noticiado. Dizia ela que achava a interpretação interessante, tal como deveria ser interessante a obra de Bruno Bettelheim intitulada “Psicanálise dos contos de fada”. No momento em que publiquei o seu comentário fiquei de facto com uma leve sensação de reconhecimento daquele conjunto de palavras. Mas, apressada que estava… passei em branco sobre o assunto.


Ainda há pouco – e por certo só a psicanálise poderá explicar a relação entre o ato que praticava e a revelação que me foi dado ter – enquanto estendia a roupa na corda do quintal e talvez por força das sacudidelas que dava nas camisolas de algodão antes de as prender com as molas, percebi que aquele era um livro que morava na minha estante.


Logo me apressei com o resto da roupa, desdobrando peúgas, esticando toalhas, pendurando cuecas até que nada mais sobrasse no alguidar. E vim correndo até ao escritório. Cá estava ele, com a lombada um tanto ou quanto desbotada pela luz dos dias e dos anos.


A memória traiçoeira recusa-se a dizer-me se o cheguei a ler. Passei os olhos pelas linhas introdutórias e percebo que não tem muito a ver com a interpretação que o tal professor francês fez dos Esstrufes. Trata-se de uma interpretação dos contos de fadas na perspetiva educacional e formativa das crianças, analisando a sua importância como meio de conferir sentido à vida. Estão lá o Capuchinho Vermelho, os Três Porquinhos, Simbad o Marinheiro, a Branca de Neve, a Bela Adormecida, a Gata Borralheira, o Barba Azul….


Se o cheguei a ler, não me recordo. Mas acho que a Gi tem razão quanto ao seu interesse e, por isso, parece-me que está prestes a passar da prateleira do escritório para a mesa-de-cabeceira.

Vamos à praia?



Música

O semáforo está vermelho. À minha frente o carro vermelho, parou. Parei também. O carro vermelho está equipado com potentes colunas de som. Leva os vidros abertos. Leva a música no máximo. A música do carro vermelho entra pelos meus vidros fechados adentro. Estou parada atrás do carro vermelho e juro, todo o meu carro estremece ao ritmo da batida da música dele.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A minha biblioteca às cores




Preciso arrumar os meus velhos livros de infância. Foram retirados do armário onde estavam, para se proceder a uns arranjos na arrecadação. Agora estão ali em monte. Tenho que lhes limpar o pó e voltar a guardá-los. Gosto de os folhear. Gosto de recordar. Gosto de ver as suas ilustrações. Pertencem a coleções às cores: a "bibliothèque verte", a "bibliotèque rose" a "série bleue" e a "série rouge"da coleção "L'étoile d'or"...

Apetece-me convocá-los para este espaço. Fixá-los aqui em imagens. Hoje escolho a pequena Fadette de George Sand e a ilustração da passagem em que Fanchon ajuda Landry a passar a ribeira, quando ele está amedrontado pelo misterioso fogo fátuo.

Este meu exemplar da Hachette é uma edição impressa em 1967.


Cores do Dia









quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ideologia política

Ainda gostava de saber qual seria o resultado de semelhante estudo aplicado à Cinderela, à Branca de Neve, ao Lucky Luke, ao Tintin... e a tantos outros.

Há cada uma!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Caracóis



Por causa do comentário da Caracol ao meu último passeio de domingo, aí no post de baixo, fiquei a pensar que talvez não se tivessem apercebido que a terceira fotografia era de um aglomerado de caracóis. E mais ... de um aglomerado de caracóis minúsculos com a casca pontiaguda, fazendo lembrar pequenos búzios. É bem verdade que o mar estava ali, mesmo à beira do caminho, mas o certo é que também no meu quintal, a cerca de cinco ou seis quilómetros de distância do mar, já têm aparecido alguns destes curiosos exemplares.


Alguém saberá explicar que tipo de caracol é este?


domingo, 5 de junho de 2011

Paseio de Domingo (52)



Como hoje é dia de muitos compromissos resolvi fazer o passeio ontem. Como diz o povo, o que está feito ganha o que está por fazer. Mas só hoje, domingo, deixo aqui as provas do meu percurso pelas "traseiras" da praia da Rocha Baixinha.










sábado, 4 de junho de 2011

Bikini

Num artigo sobre moda de praia para a estação primavera-verão 2011, dou-me conta que a maior parte das sugestões apresentadas é de fatos de banho ou então de bikinis de cuecas altas. Olha que bom. A mim é o que me convém. O pior é encontrar estes modelitos nas lojas. É que da passerelle à loja da esquina…



Talvez para o ano…




Exemplar da coleção Nanette Lepore


E agora vou voltar para o modo reflexão...

Refletindo...




quinta-feira, 2 de junho de 2011

O melro

Aquele melro anda nitidamente a gozar comigo. Já percebeu que estou quase sempre a tentar apanhá-lo a jeito com a minha objetiva A coisa está difícil, então ele ri-se descaradamente nas minhas barbas. Todos os fins de tarde, desafia-me voando da alfarrobeira que está no lado direito da estrada para a alfarrobeira que está no lado esquerdo da estrada. Assobia-me alto e bom som, chama os outros melros que se afadigam a escolher o galho para passar a noite, e ri-se de mim com gosto. Pousa por momentos nos fios telefónicos, saltita para cima dos fios elétricos e rompe de novo o céu com o seu voo. O gozo é de tal forma que, há dois ou três dias atrás, até se atreveu a pousar no candeeiro do meu quintal, a escassos cinco metros da porta da cozinha. Espreitei-o por entre as fitas que iludem os insetos, enquanto ele fazia pouco de mim. “Estouaquiii”, “estouaquiii… e logo voou.


Não voltou a pousar sobre a minha lanterna, mas todas as tardes voa para baixo e para cima, atravessando a estrada junto à minha casa. Eu saio para rua de máquina em punho, mas o malvado esconde-se habilmente nos ramos das árvores e atira-me de lá os seus estouaquiii… estouaquiii…estouaquiii…


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Criança

Já que hoje é o Dia... vou soltar a criança que há em mim. Vou ali fora jogar à macaca e já volto.


Imagem retirada daqui