quarta-feira, 31 de outubro de 2012

12 meses: outubro


No último dia de outubro aqui fica a primeira fotografia do desafio proposto pela j. do blog azul turquesaA palavra que escolhi para ilustrar este mês foi “terra” e na verdade a imagem que aqui coloco acaba por ser uma composição de várias fotografias onde são visíveis diversos tons de terra. Associo outubro ao outono, às primeiras chuvas e ao cheiro a terra húmida que fica no ar. Cá pelo Algarve nem todas as árvores perdem o verde e até a terra recomeça a cobrir-se de viço com as ervas que renascem, vigorosas, após o longo tempo de estio. 


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ortografias

Olha... um folheto de 1947 a antecipar o novo acordo ortográfico. Ele há coisas...


domingo, 28 de outubro de 2012

Passeio de domingo (120)


O dia esteve lindo mas o passeio fotográfico até foi curto. Apenas uns disparos em Santa Luzia, a capital do polvo, após um excelente almoço da especialidade local, com os olhos postos na Ria Formosa.







terça-feira, 23 de outubro de 2012

Em silêncio


Achei que pelo caminho encontraria as palavras de que precisava para colocar aqui. Iniciei a marcha fazendo leves os pés. Caminhei em silêncio sem sequer ouvir o som dos meus passos. Só uma vez se ergueu o barulho da casca pisada de um caracol que não vi e que em má hora resolveu atravessar a estrada. Segui. Fui olhando cuidadosamente para todos os lados na esperança de ver passar as palavras certas. Não as queria deixar escapar. Apurei o ouvido. Talvez conseguisse ouvir o seu murmúrio, pensei. Mas não. Levantou-se o vento e apenas consegui ouvir o clamor das árvores cujas folhas estremeciam a cada sopro. Continuei a marcha. Não podia desistir. De certeza que mais à frente iria surpreender alguma que servisse os meus propósitos. Nem que fosse uma só. Bastar-me – ia uma palavra só. Uma palavra que pudesse decompor. Uma palavra que atraísse depois outras palavras. Sinónimos que a viessem apoiar. Antónimos que a viessem confrontar. Adjetivos que a viessem qualificar aos olhos de um leitor. Verbos que lhe viessem dar vida. Perscrutei o caminho que se desenhava à minha frente e avancei destemida sem me importar com a escuridão. Mas não encontrei as palavras. Só uma vez, à luz do candeeiro da rua, vi por breves instantes o bater de umas asas no ar. Mas logo desaparecerem na noite e percebi que, mais uma vez, me tinha escapado a palavra. Que mais uma vez ficaria em silêncio.

domingo, 21 de outubro de 2012

Passeio de domingo (119)


O meu domingo não está hoje muito virado para o passeio. Tenciono dedicá-lo a outro tipo de atividades criativas, esperando que delas resulte algo que valha a pena. Deixo por isso um passeio de outro dia. Tem cores semelhantes ao dia de hoje, sem sol, e foi registado por ruas e ruelas de Loulé.









Agúdia



Foi ontem. Registei uma invasão de agúdias no meu pátio. Depois das primeiras chuvas deste outono e em dia de sol palmilharam-me as varandas e imagino que os pardais que vivem no meu telheiro devem ter ficado entusiasmados com o festim. Têm sorte estes pardais. Ao menos não são agúdias presas em armadilhas. Lembro-me de, quando era criança, os adultos apanharem as agúdias e as guardarem dentro de um pedaço de cana. Depois, serviam de isco para armar aos pássaros. Ontem voaram-me estas formigas aladas para o pátio e por cá andaram a espreguiçar-se ao sol. Hoje, a chuva voltou.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

12 meses


Fiquei com vontade de aderir e depois de andar um tempinho aqui às voltas com o pensamento cheguei finalmente à minha lista de palavras. Uma para cada mês, a partir deste outubro e até setembro. Não foi tão fácil assim fazer esta escolha. E daqui para a frente terei que publicar, a cada mês, uma fotografia que corresponda à respetiva palavra.

Fica aqui o compromisso.

Outubro – Terra
Novembro – Castanhas
Dezembro – Natal
Janeiro – Recomeço
Fevereiro – Flores
Março – Filha
Abril – Chuva
Maio – Filho
Junho – Verão
Julho – Férias
Agosto – Multidão
Setembro - Figos

Susto


Moda pezinhos para este outono-inverno?

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

As palavras


Levo o dia a ouvir palavras feias.

Corte
Enorme aumento de impostos
Austeridade
Défice
Crise
Gaspar
Troika
Dívida
Mercados
Desemprego

E nem algumas (poucas) palavras bonitas que ainda se vão ouvindo surtem efeito na minha disposição.

Crescimento
Trabalho
Investimento
Esperança
Equilíbrio financeiro

As palavras bonitas estão a ficar gastas, cansadas, moribundas. Tenho medo que, de repente, venha uma rajada mais forte de vento e as mate de vez.

domingo, 14 de outubro de 2012

Passeio de domingo (118)




Apesar de nos últimos dias pouco ter passado aqui pela esquina, não podia faltar ao meu passeio de domingo. Hoje fui até Martinlongo, no nordeste algarvio, visitar a feira da perdiz. Almocei coelho frito, canja de perdiz e tarte de figo. E, no regresso, descendo a serra, provei os medronhos que estão a amadurecer.







segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A garrafa de água


Era uma garrafa de água das pequenas. 33 cl de água numa garrafa de plástico que a empregada pousou sobre o balcão juntamente com a queijada que eu pedi. Primeiro comi a queijada e por fim quis beber. Rodei a tampa para abrir a garrafa mas, talvez por causa da condensação que se tinha entretanto produzido sobre ela, senti dificuldade em fazer ceder o plástico da tampa. Socorri-me dos guardanapos de papel para envolver a rolha e torci de novo. Mas nem com guardanapos nem sem guardanapos a desgraçada da tampa se movia. Não cedia nem um milímetro. Calma, Luisa, calma. Com calma recomecei. O meu esforço continuava a ser inglório quando um senhor muito solícito se levantou de uma mesa e se aproximou. Oh minha senhora dê-me cá isso senão está visto que nem tão cedo consegue beber a água. Era um senhor muito solícito. Tinha tanta solicitude na voz quanta ironia se desprendia do sorriso que lhe estampava o rosto e que combinava com o sorriso dos dois amigos que o acompanhavam à mesa. Entreguei-lhe a garrafinha já meio amolgada pelas minhas torcedelas. E lá começou ele a torcer também. Torceu a garrafa e logo de seguida o nariz. Eh lá… isto não é o que parece. Esta, afinal…O senhor muito solícito optou, também ele, por experimentar com um guardanapo de papel. Mesmo assim a danada da garrafa mantinha-se fechada. O senhor continuou, solícito, e só quando se desvaneceu o seu sorriso irónico é que conseguiu destrancar a rolha da garrafa de 33 cl de água.
Obrigada. E, finalmente, bebi.

domingo, 7 de outubro de 2012

Passeio de domingo (117)



Na impossibilidade de editar um passeio do dia deixo este previamente agendado. É a praia do Barril e o caminho que nos leva até lá. 








quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Chorei


Chorei.
Foi algo completamente incontrolável. Primeiro senti os olhos ficarem rasos de água. Depois as lágrimas começaram a rolar-me lentamente pela face. Irremediavelmente chorei.
Chorei por longos minutos sem conseguir pôr cobro à situação. Pestanejei. Funguei. Fechei até os olhos numa vã tentativa de impedir o jorro salgado que me lavava o rosto. Eu não queria… Mas, naquele instante, nada no meu ser tinha mais força.
Chorei enquanto crescia em mim uma certa raiva. E quanto mais me apressava a concluir o que tinha de ser feito mais se agudizava a situação.
Chorei.
Chorei copiosamente por longos minutos até que, finalmente, o fundo do tacho ficou coberto, sem haver mais cebola para cortar.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Gatos

Passo pelas ruas mais antigas da cidade numa hora de movimento mínimo. A manhã foi de bulício, mas a tarde nem turistas tem. A música ainda toca nos altifalantes espalhados estrategicamente pelo centro histórico mas já não há visitantes que a ouçam. O comércio está fechado e nem carros se veem no largo da matriz. Passo pelas ruas mais antigas da cidade batendo as solas na calçada irregular. Não me cruzo com ninguém. Só avisto umas velhas sentadas na soleira da porta. Conversam as suas vidas viradas para o largo. Não me ligam. Numa rua estreita estão três gatos a olhar para mim. São três gatos brancos descaradamente pintados na parede. Olham para mim como quem hipnotiza alguém. Encosto o olho ao visor, ajusto o zoom e enquanto disparo ouço uma cantilena com a letra trocada. Gato pintado, quem te pintou, foi um grafiteiro que por aqui passou…