sábado, 30 de junho de 2012

Pormenor


Junto à vereda, aberta por passos que repetidamente atravessam o terreno situado atrás da minha casa, vi uma casca de caracol. Está encostada às pequenas pedras calcárias que abundam nesta zona. A sua alvura chamou o meu olhar. Deve estar ali há muito tempo e pergunto-me como é que tem escapado à pisadela de um qualquer passante. Permanece sobre a terra ruiva sem dela receber qualquer mácula. O sol deve-lhe ter comido a cor que alguma vez possa ter ostentado. Comeu-lhe a cor e mirrou-lhe o miolo. Secou-lhe a vida que nela se abrigava. É bonita esta casca de caracol. Está ali esquecida do tempo. Rolará talvez para outro lugar quando vierem as chuvas. Esta pequena casca de caracol é insignificante. Tal como eu sou insignificante. Ínfimos pormenores do universo.


30. As amantes do verão: uma palavra que defina o verão... e este desafio

Por mim pode ser “alegria”. O verão é uma estação alegre e descontraída. É quase sempre sinónimo de férias e de divertimento. Alegria também se adapta bem a este divertido desafio proposto pela Turista Acidental e pela Miss Scarlet Red, que hoje chega ao fim.

Durante trinta dias eu e muitas mais “amantes do verão” mostrámos as nossas preferências no que ao tempo estival diz respeito. Foram trinta dias bem dispostos que me fizeram conhecer novos blogues a um ritmo muito superior ao que é meu costume. Aliás, para quem como eu marca por aqui encontros sem dia nem hora, este passatempo obrigou-me a vir espreitar todos os dias à esquina da blogosfera.

Parabéns à Manuela – Turista Acidental e à Miss Scarlet Red pela excelente organização deste concorrido desafio e para todas as participantes e patrocinadoras deixo os meus votos de um verão muito alegre.



quinta-feira, 28 de junho de 2012

28. As amantes do verão: uma sombra no verão...

... a que encontro no regresso da praia até ao carro e onde posso parar um pouco para aliviar o corpo da brasa que é o sol do meio-dia.

terça-feira, 26 de junho de 2012

26. As amantes do verão: um outfit de verão...


Que tal um vestido de croché... handmade by myself? Sim, sim é obra minha e digo-vos que fez um sucesso junto das minhas colegas quando o vesti pela primeira vez. Sou um bocado preguiçosa para estas atividades e o mais corrente é começar com muito entusiasmo e depois esmorecer e nunca acabar. Desta vez consegui chegar ao fim da tarefa.

 

domingo, 24 de junho de 2012

Passeio de domingo (102)


Já em fim de tarde, fui até Vilamoura. Passei pelo Centro Náutico até chegar à praia da Rocha Baixinha e fui por aí adiante, cruzando com quem já se vinha embora. Não liguei nada ao mar. Só às dunas e aos caminhos que ladeiam a praia.

24. As amantes do verão: uma fruta de verão...

... o figo, doce e sensual.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pôr as barbas de molho


Os lavabos das senhoras estavam entupidos e por isso optei por passar à porta ao lado e lavar as mãos na casa de banho dos homens. Sucede que pela disposição do WC masculino, os lavatórios estavam colocados junto à parede onde o arquiteto decidiu abrir as frestas das pequenas janelas que deixam passar a luz e o ar exterior para dentro. Vejam bem a situação, de cima para baixo: frestas de luz, espelho, lavatório. Lá fora o sol brilhava e furava intempestivamente as pequenas frestas fazendo refletir a sua luz intensa no espelho. Abro a torneira, carrego no dispensador de sabão líquido, e enquanto esfrego as mãos levanto a cabeça e olho-me ao espelho. Horror. A luz impiedosa focada no meu queixo faz brilhar uma quantidade significativa de pequenos pelos loiros cuja existência me tinha passado até então despercebida. Lembrei-me do sentimento de pena raiado de sátira que por vezes me assalta ao ver certas velhas e  mulheres de bigode e enquanto lavei as mãos, vivendo aquela dolorosa epifania, percebi que antes de nos rirmos dos outros convém que coloquemos as barbas de molho.

22. As amantes do verão: um cheiro de verão..

... o cheiro do protetor solar.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Caracóis

"Caviar branco".... os caracóis não param de me surpreender.

21. As amantes do verão: uma coisa que vi neste dia de verão...

...um avião rasgando o azul do céu, mesmo por cima da minha casa...


... esta tarde. Sim, porque logo pela manhã o verão chegou fazendo birra e nada me levaria a pensar que o céu ficaria assim.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

20. As amantes do verão: As minhas leituras de verão...

Entre outros locais gosto de ler na praia. Atualmente tenho vários livros em "estante de espera". Alguns destes devem passar comigo a época balnear.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A vida secreta dos objetos: a agulha de coser empreita

Mas o que é que se estará a passar? Porque razão é que ela me veio retirar de dentro da caneca em que tenho estado acomodada nestes últimos anos? Tenho estado ali muito sossegada sobre o rebordo da chaminé a gozar o descanso da minha reforma. É um descanso merecido. Levei anos a fio a cozer braças de empreita para formar alcolfas, capachos, esteiras, ceiras, abanos, berços de bebé… eu sei lá... Trabalhei muito mas, com a partida da avó e depois da mãe dela, acabei por me reformar. É um direito. Se bem que pelo que consigo ouvir dos noticiários que passam ali numa caixa mágica cheia de pessoas lá dentro, parece que é um direito que cada vez está mais difícil de obter.

Eu cá não quero saber. Estou reformada e pronto. Não que eu me importe de voltar a produzir qualquer coisita. Mas vejamos: tudo tem termos. Não estou para ser explorada. Já contribuí muito para a economia local e para a sociedade. Não estou disposta a deixar que se abuse da minha boa vontade.

Mas afinal… o que é isto? Depois de me remover do meu retiro, lavou-me, esfregou-me, puxou-me o brilho… Ah … então e agora encostou-me aqui à bolsinha de empreita colorida para me fotografar. Já percebi. Vai-me mostrar ao mundo. Acho bem. E mereço que se dê a conhecer o meu trabalho.

E, parecendo que não, ainda sou uma agulha de cobre de jeito… nada de se deitar fora hein?

19. As amantes do verão: um dia no campo no verão...

Um dia? Para mim são todos os dias no campo já que é no campo que vivo. Lá para o final do verão é tempo de apanhar as alfarrobas e as amêndoas. Por vezes acordo com o som das varas batendo nos ramos das árvores para fazer cair os frutos.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

18. As amantes do verão: os amores de verão...

... Para mim são como esta canção de Michel Fugain que faz parte da banda sonora da minha adolescência, que se cantava no autocarro da colónia de férias e à volta de uma fogueira nas festas que lá fazíamos à noite.

C'est un beau roman
C'est une belle histoire
C'est une romance d'aujourd'hui
Il rentrait chez lui, là-haut vers le brouillard
Elle descendait dans le Midi, le Midi
Ils se sont trouvés au bord du chemin
Sur l'autoroute des vacances
C'était sans doute un jour de chance
Ils avaient le ciel à portée de main
Un cadeau de la Providence
Alors, pourquoi penser aux lendemains

Ils se sont cachés dans un grand champ de blé
Se laissant porter par le courant
Se sont raconté leurs vies qui commençaient
Ils n'étaient encore que des enfants, des enfants
Qui s'étaient trouvés au bord du chemin
Sur l'autoroute des vacances
C'était sans doute un jour de chance
Qui cueillirent le ciel au creux de leur main
Comme on cueille la Providence
Refusant de penser aux lendemains

C'est un beau roman
C'est une belle histoire
C'est une romance d'aujourd'hui
Il rentrait chez lui, là-haut vers le brouillard
Elle descendait dans le Midi, le Midi

Ils se sont quittés au bord du matin
Sur l'autoroute des vacances
C'était fini le jour de chance
Ils reprirent alors chacun leur chemin
Saluèrent la Providence
En se faisant un signe de la main

Il rentra chez lui, là-haut vers le brouillard
Elle est descendue là-bas dans le Midi
C'est un beau roman
C'est une belle histoire
C'est une romance d'aujourd'hui

domingo, 17 de junho de 2012

Passeio de domingo (101)


Este domingo limitou-se a dar uma volta nas redondezas de casa. Foi o bastante para sentir o calor do verão que se aproxima a passos largos e ficar com vontade de mergulhar no horizonte onde a linha do mar se mostra irresistível.

17. As amantes do verão: as melhores férias de verão...

São aquelas que estão por vir. São aquelas que ainda não gozei. É que, por muito boas recordações de férias que eu possa ter, não há como a expectativa daquelas férias fantásticas que ainda hei de gozar.


sábado, 16 de junho de 2012

Aceito o tempo


Aceito o tempo e as suas marcas. Aceito a vida como ela é. Posso até sonhar com outras vidas. Mas um sonho é isso mesmo. Nem sempre se torna realidade. E mesmo quando se torna realidade há logo outro sonho pronto a substituí-lo. Aceito o tempo e o que ele me traz. Nem sempre aceito os dias. Luto contra alguns deles. Luto contra os que teimam em contrariar-me. Não ganho eu nem ganham eles. Só o tempo ganha. Só o tempo comanda. Basta perceber isso. O resto acomoda-se.


16. As amantes do verão: o meu fato de banho...

Desenganem-se. Esta não sou eu. Mas se é para mostrar o meu fato de banho mais vale fazê-lo numa modelo a sério. Gostei de me ver com ele, o que já foi um grande progresso comparando com a época passada em que experimentei quinhentos mil e não consegui comprar nenhum.



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Caminho inverso


Percorri a cidade ao contrário. Escolhi a volta inversa a ver se descobria as diferenças. Mas, na calma do meio-dia, tudo está no seu lugar. Os mesmos grafitti nas velhas paredes abandonadas, as floreiras coloridas no primeiro andar daquele prédio, a gritaria das crianças à saída da escola. Só não percebi de onde vinha o som que enchia a rua com a voz de McCartney a cantar o Yesterday.

14. As amantes do verão: a praia do meu verão...

Só uma? É que eu posso dizer que sou uma privilegiada já que o meu verão tem muitas praias. As que tenho mais próximas são as dos concelhos de Loulé e Albufeira. Fica aqui o caminho para a paraia da Falésia - Alfamar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A vida é bela (18)

... no ninho da cegonha.


13. As amantes do verão: o que mais gosto de comer no verão...

... Tanta coisa, mas tanta coisa. Saladas. Sardinhadas. Churrascadas... ui.
E também gosto muito de aproveitar a época do tomate bem maduro para fazer um belo de um molho de tomate com ovos, acompanhado de grandes fatias de pão caseiro.

terça-feira, 12 de junho de 2012

As sortes


A tradição já não é o que era no meu quintal.

Há mais de trinta anos, nas noites de Santo António, São João e São Pedro a minha mãe já estaria a preparar o alecrim e o rosmaninho para queimar numa fogueira sobre a qual haveríamos de saltar alegremente.

Saltávamos sobre a fogueira, dando vivas ao Santo. Nove vezes. Viva a Santo António, uma. Viva a Santo António, duas. Viva a Santo António, três…. E por aí adiante.

Com a fogueira reproduzíamos também as sortes que antigamente as raparigas casadoiras costumavam tirar, num jogo de adivinhação de como iria ser o futuro.
Com três favas secas, uma com a casca toda, outra com metade da casca e outra ainda sem casca nenhuma, adivinhava-se se o grau de abundância e riqueza que nos caberia. Passávamos as favas nove vezes pela fogueira e colocávamo-las em seguida debaixo do travesseiro. Na manhã seguinte, ao acordar haveríamos de retirar uma. Consoante tivesse mais ou menos casca assim seriam os próximos tempos de riqueza ou de miséria.

Nestas sortes encontravam-se também respostas a perguntas sobre como se chamaria o nosso futuro marido, de onde viria, que profissão teria … Para isso interpretávamos as formas que tomava um bocado de cera derretido, passado indispensavelmente nove vezes sobre a fogueira e em seguida deitado numa bacia de água fria para solidificar. Ou então passávamos o pé nove vezes por cima da fogueira e em seguida atirávamos o chinelo ao ar. Bastava depois observar para que lado tinha ficado virado o chinelo ao cair para saber de onde viria o amor. Mais do que acreditar nas respostas das sortes, o que contava era o divertimento, a alegria daquelas noites no quintal.

A minha filha, hoje casadoira, não está por cá e eu já não vou, como a minha mãe ia apanhar alecrim e rosmaninho para queimar na fogueira. Foi-se o tempo das sortes e o meu quintal já não é o que era nas noites de Santo António.

12. As amantes do verão: as noites de verão...

... combinam com passeios depois do jantar.

domingo, 10 de junho de 2012

Passeio de domingo (100)


Vou tantas vezes calcorrear o mato aqui atrás de casa que achei que, também no meu centésimo passeio de domingo, devia mostrar como está o campo ao meu redor. E não é que, fora as árvores, está tudo a ficar loiro platinado...

10. As amantes do verão: as manhãs de verão

... combinam com uma caminhada à beira-mar

sábado, 9 de junho de 2012

Conversas

Não vês que há dias em que as conversas são demais? Vêm todas as palavras e não sobra mais lugar. Atropelam-se.  Não vês que há, depois, o cansaço? O cansaço do debate estéril. O cansaço do confronto. Então é preciso encarcerá-las. Guardá-las ao abrigo da luz para que se conservem e possam ser recuperadas quando o vento maior passar e apenas reste uma leve brisa.