quarta-feira, 29 de junho de 2016

Uma rapariga simples, um livro e uns links para seguir

Instruções para a boa leitura deste post:
1-      Estar atento aos links
2-      Seguir os links
3-      Se possível, fazer a vontade ao livro.

Era uma vez uma Rapariga Simples que escreveu um livro e sonhava publicá-lo. O livro intitulava-se “Um amor morto” e só precisava de quem se juntasse a uma campanha de crowdpublishing para angariar o montante necessário que lhe permitisse ser lido, que é aquilo que um livro mais deseja.

A Rapariga Simples escrevia e fotografava muito bem em blogues. Entretanto bloggers que a liam começaram a passar a palavra e aos poucos o sonho ia tomando forma de realidade.



domingo, 26 de junho de 2016

Passeio de domingo (313)



Peço desculpa mas, com o verão a impor-se, estes passeios correm o sério risco de se tornar repetitivos…
[Caminhada à beira-mar, entre a Falésia e o Barranco das Belharucas]








Beira-mar

É sempre a mesma coisa. É. Não impede, porém, que todos os anos, no começo do verão, me sinta como se visse o mar pela primeira vez. Esta manhã fui à praia, aquela que mais vezes frequento, que os meus olhos já decoraram mas que não deixa de me deslumbrar. Encanto-me de novo com as cores vibrantes das falésias, com os azuis cambiantes do céu e do mar, com o brilho das águas sob os raios de sol, com a areia molhada feita espelho, com as gaivotas empoleiradas nos cumes, com as rochas esculpidas pelas marés, com os risos das crianças que brincam, com o murmúrio das ondas, com o cheiro do protetor solar, com o pregão das bolas de Berlim, com o colorido dos toldos, com as pegadas de vida efémera, com os pequenos seixos que rolam, com uma concha partida, com o verde dos pinheiros, com a brisa que me refresca.

Eu sou daqui, da beira-mar, mas há sempre um momento em que me surpreendo com estas praias, como se fosse visita, como se tudo à minha volta fosse absoluta novidade.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Pequeno post anatómico

Na aldeia dizia-se à boca pequena que o Inácio tinha ganho o Euromilhões. Muitos andavam de olho gordo a ver se lhes calhava alguma coisa. Só que o Inácio era um unhas de fome e se alguém tentava que ele oferecesse nem que fosse um almoço, fazia ouvidos de mercador e defendia com unhas e dentes que não tinha ganho prémio nenhum. Depois seguia passeando pela aldeia com o rei na barriga e clamava contra os vizinhos acusando-os de terem dor de cotovelo. De tal forma tinha Inácio mais olhos que barriga que não partilhou nem um cêntimo sequer com a própria família. Ninguém soube bem onde acabou por gastar a fortuna. Só é certo que passado algum tempo o Inácio acabou de mãos a abanar.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Diz que é verão...


Está um calor danado. Impossível aguentar-me dentro de casa. Vou ali fora apanhar banhos de lua.



domingo, 19 de junho de 2016

Passeio de domingo (312)


O passeio deste domingo vem com as cores do verão e o sabor a sal dos dias de praia.
[Praia da Falésia]









sexta-feira, 17 de junho de 2016

Logro

(…) Passamos a maior parte da vida adulta à procura de um paraíso perdido que nunca chegou a existir. Por mais advertidos que estejamos quanto ao logro, é ele que continua a fazer-nos avançar. (…)

Filipa Melo

“Um presépio sem natal”, em Granta, nº7, 2016.

terça-feira, 14 de junho de 2016

domingo, 12 de junho de 2016

Passeio de domingo (311)


A caminho da praia Grande, junto a Armação de Pêra, Silves.
O passeio, agendado previamente, não é de hoje mas terá que servir para este domingo em que prevejo não dispor de tempo suficiente para passear e editar.









quarta-feira, 8 de junho de 2016

Fechou-se em copas


Obrigada!

Apercebi-me de que a minha coleção de “pinta-amores” já vai com mais de cento e cinquenta exemplares, sem contar os [fora de série].
Para além dos que capto diretamente, e dos que foram cedidos e publicados pelos coautores do blogue – o Jorge Esteves e a MJ -, tenho recebido a colaboração de muitas pessoas, por sua iniciativa ou a meu pedido.
É a essas pessoas, umas com blogue, outras nem por isso, que quero aqui agradecer a gentileza.

Eis a lista, elaborada navegando dos posts mais recentes aos mais antigos:



Sónia Tomás - Figo Lampo


chica  (deixo o perfil onde encontram os links dos seus muitos blogues)




Cláudia Ruivinho

Susana Miguel




Paula Caetano



Jorge Queirós



Ana Paula Carvalho

Gil Coelho



Assis Coelho




terça-feira, 7 de junho de 2016

segunda-feira, 6 de junho de 2016

As velhas

No restaurante tenho vista para duas mesas. Numa almoçam três velhas de amplas coxas, braços de carnes pendentes e faces sulcadas de rugas quanto baste. Noutra um casal estrangeiro, de velhos também. Ela escondeu as rugas com várias camadas de base quase branca, óculos de sol extra-large e batom vermelho sangue. Tem o cabelo cinza estruturado a gel palha d’aço.

Eu, que também já sou velha – é tudo uma questão de perspetiva, perguntem aos meus filhos ou aos netos das moças do meu tempo - olho para elas como quem se vê num futuro não muito longínquo. Prefiro ver-me como as primeiras. Sempre que olho para a velha estrangeira parece-me que, naquela mesa, almoça o Joker de Gotham City.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Poesia

A poesia diz sempre mais do que diz, diz outra coisa, mesmo quando diz as mesmas coisas que o resto dos homens e da comunidade.

António Ramos Rosa

In Poesia, liberdade livre, 1986.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Dissipação

No último dia da décima semana daquele ano de 1999, Prudêncio caminhava pela avenida marginal da cidade aproveitando o sol que brilhava pela primeira vez depois de quatro dias de chuva intensa que fizera subir as águas do rio e crescer o verdete nas paredes velhas.

Respirava o ar claro e leve, ainda fresco da manhã, e sentia-se cheio de ânimo para recomeçar a sua vida. Estava decidido a mudar de rumo e embora tivesse voltado a abusar da bebida nos dias anteriores – a constante chuva deprimente a isso o obrigara – animava-o, naquele momento, a certeza de que não voltaria a fazê-lo.

Pelo caminho, ia avistando pessoas suas conhecidas a quem acenava com a cabeça ou com a mão. Nenhuma lhe devolvia o cumprimento, seguindo como se o não enxergassem, e Prudêncio começou desconfiar da situação.

Prosseguiu, no entanto, dirigindo-se, como tinha pensado fazer, para a casa de Noémia, sua namorada, com o propósito de, uma vez mais, lhe pedir desculpa e resgatá-la com promessas de entrar nos eixos. Ia treinando mentalmente o discurso, escolhendo as palavras, imaginando a entoação. Sentia-se leve. A boca ainda lhe sabia ao vinho e à aguardente que tomara na véspera e, apesar do sol que brilhava e lhe aquecia o corpo, parecia-lhe que caminhava envolto numa ligeira bruma. Era uma névoa quase impercetível e acabou por não se atardar muito a pensar no estranho fenómeno. Quanto mais avançava, mais leve se sentia e a sua vida surgia-lhe fácil e resolvida.

Chegou finalmente à entrada do prédio de Noémia. Era um edifício moderno com uma grande porta envidraçada. Prudêncio subiu o degrau de acesso à casa e esticou o braço para tocar à campainha. Durante os breves segundos do toque ainda viu, refletida no vidro da porta, a sua silhueta que, como uma nuvem, se dissipou completamente, ficando no ar apenas um ténue cheiro a álcool.